quarta-feira, 7 de agosto de 2024

9,83m/s²

De frente para ti, acompanho os teus passos, ciente de que se encarreiram apressadamente até mim; os teus braços, abrindo-se a meio gás, revelam o teu peito, como que um convite para regressar a casa; o teu sorriso, acima de tudo, o teu sorriso – melancolicamente partilhado pelos teus olhos – perfuram os meus como que tentando ler-me o pensamento.

Um segredo partilhado entre os dois.

Inevitavelmente e deliberadamente, tu vais magoar-me – vais-me sempre doer. E eu, zonzo, vou acolher o teu abraço.

Não preciso de mais nada. Vou ser completo, novamente.

Encaixados neste local só nosso. Familiarmente confortáveis nisto que tão bem mal nos faz. Destruindo-nos mutuamente até que não reste mais nada. Sorrindo no silêncio. Olvidando o quão prejudiciais somos um para o outro.

Presos.

- Dóis-me tanto. 

- Tu mais.

- Prometes?