Mas um dia isto vai acabar - dou por mim pensar -, ou porque me aborreci, ou porque percebeste que não vai a lado nenhum. Mas vai acabar. Como acaba sempre. E quando acabar, tu vais saber que foste a melhor.
Aqui, deitados na minha cama, embrulhados em lençóis que caíram ao chão, ofegantes, eu ainda dentro de ti e tu deitada em cima de mim, sem palavras, eu disse-te.
Enquanto desenho estas estrelas nas tuas costas com a ponta do dedo, enquanto a tua respiração se manifesta pelo movimento das tuas costas, enquanto o teu cabelo escorre porque julho chegou quente, tu sabes.
As brechas das janelas do meu quarto, deixam entrar um ténue rasgo de luz alaranjada e só assim consigo distinguir a tua silhueta. Quero ver-te para sempre. Agora. Mais logo, provavelmente já não. Esboço um sádico e melancólico sorriso no escuro, sem que percebas, e dizes-me que tenho o coração acelerado.
Emprestei-te o meu peito e nem notei.
Afasto-te e levanto-me. Ficas quieta na cama enquanto meto a água a correr para me lavar de ti.
Já não preciso de ti. Já não te quero.
Não sei o que sentir.
É tudo o mesmo, é tudo isto.
Este dia e o outro, o mesmo.
Ontem e hoje, amanhã e depois.
Repito e repito-me.
Desisto.
Mas já o fiz ontem e anteontem, certo?
Não desistas de mim tu também…