terça-feira, 2 de julho de 2024

a raiz do problema

Em 2018, escrevi duas frases.

“O silêncio é rotina. Tu és dor.”

Em 2020, transcrevi um diálogo.

“- Eu tenho sempre saudades tuas. Mesmo quando estou com outras pessoas.

- Eu também.

- O que é que disseste?

- Eu também.”

Em 2021, redigi a custo.

“… Mas eu era teu. Era tão teu que aceitava sê-lo apenas quando tu querias. Tu escolhias. Tu decidias. Eu estava lá, sempre. Mas tu nem sempre me querias. Aliás, nem sei se alguma vez quiseste.”

Em 2021, escrevi, ainda, coisas felizes.

“E quando tudo está menos bem, penso nesse teu sorriso, na gargalhada peculiar, na tua expressão achinesada de quem, naquele momento, não tem qualquer preocupação. É só isso que preciso para o resto da vida.”

Em 2022 gatafunhei duras verdades.

“Senti que tinha que fazer de tudo para que gostasses de mim. Não, gostar não – tolerar.”

Em 2023, nem sabia.

Cada vez é mais difícil deixar-te.

Dou por mim a pensar que não te agarrei o suficiente – que não te abracei que chegue – em cada vez que te deixo ir; em cada vez que me vou. E pelo caminho, uma sensação, uma pedra neste sapato que, a cada passo, faz arder como um pequeno corte de papel: um dia será a última vez que dormimos juntos e nem nos vamos aperceber…”

Em 2024, as palavras mantêm-se.

E continuam a ser todas sobre ti.