terça-feira, 11 de junho de 2024

deprived

No meio de tudo isto – isto, este caos que insisto em romantizar –, quero que saibas que dei tudo.

Por ti, sempre por ti.

E para quê? Para dizer a verdade, nem sei. Esperei ontem e espero hoje, mas por mais que o faça, nunca te encontro no sítio em que te perdi.

Diria que amanhã será diferente, mas eu repito todos os meus padrões de procura. Nunca me atrevo a sair da minha área de conforto porque só tu me confortas.

Perdido porque te perdi.

E é assim que vivo, é assim que vou sobrevivendo. Sem perceber que se for na direção oposta ao que me ensinaste, talvez aí consiga encontrar-me. Meio vivo ou meio morto. Ecoando palavras, repetindo-as, palavras gastas essas, sem saber se, na verdade, as ouvi de ti:

- E agora?

- Agora acabou.

- Como?

- Tu sais pela porta e nunca mais olhas para trás.

- E se olhar?

- Se olhares, estaremos aqui.

- Só eu e tu?

- Como se nada tivesse acontecido.

- Mas vai doer.

- Vai. Mas se não fores, vai doer ainda mais.

- E tu?

- Eu fico aqui. Sem ti. Contigo. Sempre.

- Sempre.

E eu fiquei. Por ti. À espera. Sempre à espera, de ti ou de mim – de nós.

Mas dei tudo. O que tinha e o que não tinha. Preciso que o saibas – quando estiveres tão longe que nem tão pouco te lembras do que senti por ti –, preciso que saibas que dei tudo. Tudo.

Só que não foi suficiente.

Nunca é.