Não sei bem como começar.
Nunca pensei ter de escrever uma despedida para ti. No entanto, ao mesmo tempo, nunca acreditei que ficasses comigo para o resto da vida.
Os meus “para sempre”, sempre foram condicionados. Tu nunca serias exceção. E, dessa forma, aqui estou. De luto por nós – por mim, que deixei de existir há muito tempo, e por ti, que finalmente desististe de mim.
Quero que saibas que nunca ninguém foi como tu. Nunca. E tenho pena que não te tenha mostrado isso. Talvez a minha incapacidade para tudo na vida se tenha, inevitavelmente, manifestado mas sei que falhei.
Mereces o melhor.
Mereces alguém que não se vitimize, que não seja inútil, que não seja mentiroso, que não tenha uma má memória e um mau sentido de humor, alguém que não te irrite, alguém que seja um homem e não uma criança, alguém que… alguém que te faça feliz.
E no dia em que eu percebi que não te fazia feliz, nesse dia, eu deixei de existir.
Sabes que tentei?
Comecei a tomar medicação para a minha memória e ansiedade, comecei a ler sobre os meus problemas de confronto, tentei analisar as minhas falhas e melhorar. Tentei ver os meus erros, olhar-me ao espelho e deixar de ser hipócrita. Tentei ter uma relação mais aberta com os meus pais e manifestar-me. Deixei de falar com pessoas porque me mostraste que não me faziam bem. Mas mesmo assim, falhei. Como seria de esperar.
Não vês que fico sempre aquém? Até neste momento, em que decidi despedir-me de ti, vejo-me sem palavras.
É-me demasiado frustrante querer tanto de uma pessoa, desejar tanto estar com ela, preferi-la acima de qualquer pessoa e, para essa pessoa, parecer o contrário. Mas eu morria por ti, sabes? Morria. Digo-o hoje, ontem e amanhã. Aliás, disse-o tanta vez que acabei por fazê-lo. E nem assim foi o suficiente.
Se pensar bem sobre o assunto, se quiser mesmo enfrentar esta questão, acho que o problema está em conheceres-me melhor que ninguém. Finalmente percebes o porquê de nem eu gostar de mim mesmo. E, consequentemente, isso faz com que não me suportes. Não te posso culpar. Não há nada em mim para gostar (vê bem como já me estou a vitimizar novamente) …
Aqui e agora, quero dizer-te que foste o pilar mais perene que tive na minha vida, a base que me fundou. E agora que já não aguentas mais este meu peso e escolhes ser feliz, eu estou feliz por ti. Como nunca estive antes – a tua felicidade é um dos meus maiores desejos.
Espero que guardes os melhores momentos de mim, na tua memória, enquanto continuares em frente, conseguindo tudo o que conseguirás. Estarei ao longe, como sempre estive, transbordado em orgulho, por saber que a melhor pessoa da minha vida conquistou mais uma vitória.
Só me resta pedir-te desculpa por tudo o que fiz. Os meus passos alcançam um lugar qualquer que não sei, mas garanto-te, nunca te vou esquecer.
Que privilégio foi ter feito parte da tua vida.
Amo-te.
Adeus.
