Desde domingo que as nossas conversas não são conversas. São acusações, são arrependimento, são pedidos de desculpa que não são aceites, são feridas.
As nossas conversas? Aquelas que
nos caracterizavam? Essas já não existem. Não voltam mais. Eu estou ciente
disso. E embora eu aceite e compreenda que é o melhor para ti, não sei mais o
que fazer de mim.
Tu eras a minha gravidade. Agora ando
à deriva.
Dou por mim a pensar que terei de
dizer, eventualmente, que já não fazes parte da minha vida. Terei que dizer que
a culpa é minha. E vou fugir desse assunto. Vou fingir que não me custa. Vou
fingir que a vida tem destas coisas e que temos de seguir em frente. Vou fingir
que só a ideia não me deixa de lágrimas nos olhos – como agora.
Como se apagam dez anos? Como é
que encurto esta distância que se criou entre nós?
Tenho medo de viver sem ti,
sabes? Gostava de ser mais forte que isto, gostava de ser o que acham que sou,
o que mostro ser, e ignorar tudo isto porque sou um racional e percebo que nada
dura para sempre. Mas eu pensei que nós éramos para sempre. Aliás, no início,
deste mês, sem saber o que aí vinha, escrevi que éramos o “resto da nossa vida”,
um intervalo intitulado de “para sempre”. Escrevi-o porque pensei que, quando
fosse o momento certo, te poderia surpreender.
Mas agora? Agora sei que, um dia,
vais criar a tua família e eu não vou fazer parte dela.
E nunca senti dor como esta.
30/05