Em loop.
Abrindo os olhos. Fingindo não
respirar a custo. Seguindo a tão confortável rotina. Fugindo a sete pés da dor. Medicando
o meu dia-a-dia. Vestindo uma falsa gabardine de força e coragem. E não
deixando arrefecer o lugar em que me deixaste.
Em loop.
Uma e outra vez. Tudo outra vez. Tudo
novamente. Como se nunca fosse. Como se nunca tivesse sido. Castigando-me por
não ter dito o que pensava com medo de magoar alguém. Em silêncio. Magoando-me
a mim mesmo.
Em loop.
De tal forma em loop que não vi.
Estava tão ocupado a colar os pedaços
partidos de todas as pessoas que me compõem que nem me apercebei que ninguém fez
o mesmo por mim.
Ninguém pensou em mim.
Ninguém sequer se lembrou.