terça-feira, 12 de agosto de 2025

trap

- Não me mereces.

- Isso é verdade. – respondi.

Inspirado naquele clichê do “Não és tu, sou eu” e no que escrevi naquele dia, em meados de junho, quando decidi que tinha chegado o nosso fim, respondi-te desta forma, como um tiro certeiro.

Mas não quis magoar-te.

E, na verdade, penso que não o tenha feito. Aceitaste com a ligeireza de quem acolhe uma piada de mau gosto, engolindo a seco, e mudando desconfortavelmente de assunto.

Mas, por entre os sorrisos cúmplices, os olhares comunicativos, as birras fictícias, os mini ciúmes em palavras meio ditas e enquanto deixei que descarregasses os teus silêncios sobre os meus lençóis, acabei por querer não te querer mais.

Sentimentos bipolares. Dignos, então.

Eu não presto.

Talvez sejamos mais parecidos do que pensávamos. E digo isto, eu, que te conheço.

Ao contrário de ti.

- Não me mereces. – disseste-me.

- Isso é verdade. – respondi.

E fui sincero em cada letra que escrevi.

Mas, garantidamente, eu também mereço melhor. Muito, melhor.

É a vida que segue…