- Não me mereces.
- Isso é verdade. – respondi.
Inspirado naquele clichê do “Não
és tu, sou eu” e no que escrevi naquele dia, em meados de junho, quando decidi
que tinha chegado o nosso fim, respondi-te desta forma, como um tiro certeiro.
Mas não quis magoar-te.
E, na verdade, penso que não o
tenha feito. Aceitaste com a ligeireza de quem acolhe uma piada de mau gosto,
engolindo a seco, e mudando desconfortavelmente de assunto.
Mas, por entre os sorrisos
cúmplices, os olhares comunicativos, as birras fictícias, os mini ciúmes em
palavras meio ditas e enquanto deixei que descarregasses os teus silêncios
sobre os meus lençóis, acabei por querer não te querer mais.
Sentimentos bipolares. Dignos,
então.
Eu não presto.
Talvez sejamos mais parecidos do
que pensávamos. E digo isto, eu, que te conheço.
Ao contrário de ti.
- Não me mereces. – disseste-me.
- Isso é verdade. – respondi.
E fui sincero em cada letra que
escrevi.
Mas, garantidamente, eu também
mereço melhor. Muito, melhor.
É a vida que segue…