Nunca mais te ouvi.
Foste-te e, deste então, está tudo
vazio de ti.
Ecoo, em mim, a tua voz.
Ouço-a, repetidamente, rebentando
contra as paredes deste local, enquanto a aconchego em mim – este teu silêncio
é agora meu e reside no meu colo.
E, não tendo mais nada, deixo-me,
sem ti, rindo das piadas que já não dizes, trauteando melodias que já não
alegram, replicando uma voz muda que tanto conheci e que tanto perdi. Tentando
ouvir-te, uma última vez; só mais uma última vez.
Mas nunca mais te ouvi.
Tu não estás em lado algum.
Nunca mais te ouvi.
O silêncio ecoa.
Nunca mais.