quinta-feira, 28 de novembro de 2024

echo

Nunca mais te ouvi.

Foste-te e, deste então, está tudo vazio de ti.

Ecoo, em mim, a tua voz.

Ouço-a, repetidamente, rebentando contra as paredes deste local, enquanto a aconchego em mim – este teu silêncio é agora meu e reside no meu colo.

E, não tendo mais nada, deixo-me, sem ti, rindo das piadas que já não dizes, trauteando melodias que já não alegram, replicando uma voz muda que tanto conheci e que tanto perdi. Tentando ouvir-te, uma última vez; só mais uma última vez.

Mas nunca mais te ouvi.

Tu não estás em lado algum.

Nunca mais te ouvi.

O silêncio ecoa.

Nunca mais.