quinta-feira, 7 de março de 2024

noise

O silêncio sempre me foi convidativo.

O som do estalar do soalho de uma casa imaginária, enquanto me sento num sofá demasiado confortável para me querer levantar, enrolado numa manta felpuda, aquecido por uma lareia que aconchega o ambiente e aquece a minha face, enquanto a janela meio suja me mostra a neve a cair lá fora.

É assim que o sinto. Mesmo que não seja real.

De lábios cerrados, espelho uma paz impostora. Anseio, na verdade, por um silêncio que cale os gritos que, enleados, se prendem a mim; que me permita respirar fundo, sem sentir o firme pulsar de uma corda ao pescoço.

Mas, pouco assim o é. Onde eu moro, não há chão de soalho e tão pouco há lareira. Muito menos silêncio.

Só eu…