O silêncio sempre me foi convidativo.
O som do estalar do soalho de uma
casa imaginária, enquanto me sento num sofá demasiado confortável para me
querer levantar, enrolado numa manta felpuda, aquecido por uma lareia que
aconchega o ambiente e aquece a minha face, enquanto a janela meio suja me
mostra a neve a cair lá fora.
É assim que o sinto. Mesmo que
não seja real.
De lábios cerrados, espelho uma
paz impostora. Anseio, na verdade, por um silêncio que cale os gritos que,
enleados, se prendem a mim; que me permita respirar fundo, sem sentir o firme
pulsar de uma corda ao pescoço.
Mas, pouco assim o é. Onde eu
moro, não há chão de soalho e tão pouco há lareira. Muito menos silêncio.
Só eu…