Eu gostava de te ter aqui.
Reviver aquela sensação
adolescente de caminhar até à tua casa e esperar por ti ao fundo da rua. Ou,
quem sabe, subir e ficar no teu quarto, horas a fio, a ter conversas sem nexo,
ao som de música que me ias mostrando distraidamente, perdidos um no outro. Saber
que ia sentir o teu abraço. Saber que ir ver o teu sorriso. Saber que ia ter o
corpo.
A vida era mais fácil nessa
altura, não era? Quando eras a pessoa mais importante da minha vida; quando eu
era a pessoa mais importante da tua.
Ainda dou por mim a querer
reviver o que vive contigo. E, embora por vezes tenha uma incrível sensação de
dejá vù, não há como (te) repetir. Mas era tudo tão mais fácil, não era? Quando
entravas pela porta e me aparecias no quarto, porque sim, como se fosse o teu –
porque na verdade também era – e me contavas detalhes quotidianos de uma vida
sem preocupações reais. Sonhos traduzidos em diálogos, confidenciados numa
intimidade sem igual.
Lembro-me bem desses tempos,
desses momentos – do que senti. Ou talvez até já nem me lembre, na verdade, e
tudo isto não passe de uma sensação fantasma à qual eu me agarro com muito carinho
e pouco sentido.
Não sei. O que sei é que ultimamente
têm-me falado muito de ti. E isso faz-me mal. Mesmo sem o querer, acabo por
rever momentos que sei que nunca irei repetir com alguém.
O pior? Hoje tenho comigo pessoas
que são muito mais importantes do que aquilo que tu alguma vez foste comigo. E nem assim eu sinto o que senti contigo.
Mesmo que só tenhas ficado de
passagem.