segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

xmas22

O Natal sempre me intrigou.

Ao longo dos anos, nunca tive outra opção senão forçar todo um espirito que nem sempre era real. Músicas, filmes, decorações, cozinhados, etc., qualquer coisa que me fizesse sentir Natal.

Na realidade, sendo sincero, os meus natais nunca foram maus. Pelo contrário, não eram bons, de facto, mas há quem os tenha pior, não é? Nunca me faltou uma casa, uma mesa com comida, uma família com saúde. Mas, naquela mesa em que nos sentávamos, naquela ou outra, a consoada nunca terminava da melhor forma.

No entanto, nos poucos natais em que te permitiam sentar connosco, eu era feliz. Não foram muitos, pois não avô?

Lembro-me bem dessas noites. Inundavas a sala com a tua gargalhada contagiante e tudo parecia melhor. Nunca aguentavas até à meia-noite, adormecias no sofá, sempre com um cão ao colo. Emanavas uma tranquilidade e conforto que só tu conseguias transmitir. Oh, como sinto falta desses tempos.

Bem sabes o quanto os últimos dois anos têm sido difíceis – os natais não têm sido excepção. Esta divisão que me faz dobrar ao meio, deixando uma quota-parte aqui e outra ali, tem tido um enorme peso em mim. E pouco me reconforta. Nem músicas. Nem filmes. Nem decorações. Nem cozinhados. Nada.

Podia ser pior, não é?

Pelo menos agora, desde que partiste, passo todos os natais contigo ao meu lado.