quinta-feira, 3 de outubro de 2024

alphabet

Escrevi-te, uma outra vez.

Sob a fraca luz do candeeiro esmorecido, deixei os vagos pensamentos rodopiarem-me por entre os dedos frios. Engraçado que, na verdade, nem tinha grande coisa para te dizer. Honestamente, nunca tenho. Todavia, sinto-me contratualmente preso a este contrassenso que é dar nome a todas as minhas palavras, enquanto as redijo demoradamente, e sei que, no fundo do meu oco ser, nenhuma palavra me resta.

Mas, escrevi-te. Entregando-te o resto de qualquer resto. Mesmo que nada reste. Porque até o meu nada, é inteiramente e inevitavelmente, teu.

Teu.

... Só para que fique escrito.